Como evitar falhas críticas e salvar vidas em um cenário de alta pressão.
Cuidar de um paciente com sepse no pronto-socorro é como entrar em uma corrida contra o tempo. O caos, a pressão por decisões rápidas e a gravidade dos casos fazem desse cenário um verdadeiro teste de habilidades. E, nesse contexto, alguns erros acabam se repetindo – erros que podem custar caro. Vamos falar sobre isso e, principalmente, sobre como evitá-los.
A Demora no Diagnóstico
Imagine um paciente entrando com febre, pressão baixa e confusão mental. A suspeita de sepse pode até surgir, mas a hesitação em agir ou a demora no diagnóstico inicial podem ser fatais. O tempo é um recurso precioso quando falamos em sepse. Quanto mais cedo você começa o tratamento, maiores as chances de evitar complicações.
Mesmo que a suspeita não seja clara, é melhor tratar como se fosse. A famosa “Golden Hour” não é só um conceito teórico: é a diferença entre vida e morte. Culturas devem ser coletadas rapidamente e os antibióticos, administrados sem delongas. Às vezes, ponderar demais significa perder tempo – e isso, na sepse, não é um luxo que podemos ter.
A Falha na Execução
Mas o diagnóstico é só o começo. Muitas vezes, o problema aparece na execução. Já aconteceu de você prescrever algo e descobrir, mais tarde, que ainda não foi feito? Isso é mais comum do que parece. O pronto-socorro é um lugar de múltiplas urgências, e é fácil que uma prioridade se perca no caminho.
É por isso que comunicar-se bem com a equipe é tão importante. Entregar a prescrição pessoalmente, garantir que a sequência correta seja seguida – culturas primeiro, antibióticos depois – e explicar o porquê de cada ação ajudam a alinhar todos e evitar atrasos desnecessários.
A Falta de Reavaliação
Depois de iniciar o tratamento, é fácil pensar que tudo está sob controle. Mas será que está mesmo? O terceiro grande erro no manejo da sepse é a falta de reavaliação constante.
Um paciente com sepse pode parecer estável em um momento e, no instante seguinte, estar gravemente pior. E não, ele não piorou “do nada”. Os sinais de alerta estavam lá, só não foram percebidos a tempo. Reavaliar regularmente não é apenas boa prática – é essencial.
Essa vigilância permite antecipar problemas e agir antes que o quadro fique crítico. Afinal, é muito mais fácil intubar ou conseguir um acesso venoso quando o paciente ainda tem alguma estabilidade.
Antecipar para Evitar o Caos
No fundo, o manejo da sepse é um exercício de antecipação. Quanto mais você está à frente, mais seguro é para o paciente e menos estressante para você.
Reconhecer esses erros e trabalhar para evitá-los não é só uma questão de técnica, mas de salvar vidas. E, no pronto-socorro, onde cada segundo importa, estar atento a isso faz toda a diferença.
Autor: Ygor Minassa
Médico pela EMESCAM (Santa Casa de Vitória-ES), Cirurgiã Geral pela Santa Casa de Vitória-ES, Cirurgião Vascular pelo HEVV, Docente em Semiologia da Faculdade Multivix, Preceptor da residência de cirurgia geral da Santa Casa de Vitória, Professor e fundador do PS ZERADO.