Trabalhar no pronto-socorro (PS) é estar preparado para situações que podem mudar o curso do atendimento a qualquer momento. Para estudantes e médicos em plantão, reconhecer quais pacientes demandam atenção máxima é fundamental para garantir segurança, agilidade e qualidade no cuidado. Neste texto irei abordar os três perfis de pacientes que, ao chegarem no PS, exigem foco redobrado para evitar erros e complicações.
1. Pacientes que Necessitam de Procedimentos Urgentes
Um dos principais desafios no PS é o manejo rápido de pacientes que precisam de procedimentos invasivos emergenciais, como acesso venoso central, intubação orotraqueal ou drenagem torácica. Diferente de procedimentos eletivos ou menos urgentes (como suturas simples ou paracentese), esses devem ser realizados com máxima prioridade.
Postergar esses procedimentos, especialmente em pacientes graves na sala vermelha, aumenta o risco de complicações, como edema agudo de pulmão ou piora clínica súbita, além de sobrecarregar o profissional com múltiplos cuidados simultâneos.
Para médicos que ainda estão desenvolvendo experiência em plantões, o conselho é claro: realize o procedimento indicado o mais rápido possível. O timing é crucial para o sucesso do atendimento.
Se a indicação do procedimento está clara, não hesite. Realize imediatamente, especialmente em pacientes graves.
2. Pacientes com Diagnóstico Complexo, mas Clínica Aparente Estável
Outro perfil de alto risco são pacientes com doenças graves, como trauma severo, câncer, insuficiência renal crônica ou insuficiência cardíaca descompensada, que chegam ao PS aparentemente estáveis e sem sinais clínicos evidentes de gravidade.
Essa situação pode induzir a uma falsa sensação de segurança e fazer com que o profissional subestime o risco real do paciente. Exemplos clássicos incluem o paciente neutropênico febril, que deve ser tratado como uma emergência até que se prove o contrário.
Manter essa postura de vigilância é essencial para detectar rapidamente qualquer sinal de deterioração. Pacientes com marcadores laboratoriais alterados (leucocitose intensa, PCR elevada) e quadro clínico aparentemente compensado devem ser acompanhados com cautela redobrada.
Encare todos os pacientes com diagnóstico grave como emergências até que a evolução clínica demonstre estabilidade. Nunca subestime um quadro aparentemente benigno.
3. Pacientes Indicados para Reavaliação por Equipe de Enfermagem ou Familiares
Por último, mas não menos importante, estão os pacientes cuja situação preocupa a equipe de enfermagem ou familiares, que solicitam uma reavaliação médica, muitas vezes com frases como “Doutor, pode dar uma olhadinha no João?”.
Essa solicitação, aparentemente simples, é um sinal de alerta. Em equipes experientes, esse pedido geralmente indica que o quadro do paciente pode estar piorando.
Nesses casos, o médico deve interromper imediatamente suas atividades para realizar uma reavaliação completa: nova anamnese, exame físico detalhado, revisão das prescrições e dos exames complementares. Essa revisão minuciosa pode detectar alterações que passaram
Nunca ignore pedidos de reavaliação da equipe de enfermagem ou familiares. Eles podem ser determinantes para evitar complicações graves.
Segurança e Agilidade no Plantão
A rotina no PS é desafiadora, mas o reconhecimento desses três perfis críticos pode transformar seu plantão, tornando-o mais seguro e eficiente. Priorize procedimentos urgentes, mantenha vigilância rigorosa sobre pacientes de diagnóstico complexo e responda prontamente às solicitações de reavaliação.
Essas atitudes são fundamentais para garantir que você atue com segurança, prevenindo agravamentos e oferecendo o melhor cuidado possível.
Autor: Rômulo Oliveira
Médico pela EMESCAM (Santa Casa de Vitoria-ES), Cirugiao Geral pelo hospital Ipiranga SP, Cirurgiao Vascular pelo HEVV, Docente em Habilidades Médicas da Faculdade Multivix, Professor e fundador do PS ZERADO.
